A Lei da Especulação
As críticas feitas ao presidente do Avaí são curiosas, pois são
motivadas muito mais por especulações do que verdades plenas. O
presidente Zunino sofre de um vício intratável: confia demais nas
pessoas. Isso é de sua natureza, o fez conquistar o que possui, mas
acarreta para si uma série interminável de dissabores. Como é próprio da
condição humana, quando a confiança é exagerada surge a perna passada, a
rasteira, a traição.
Aliado a isso ele assume para si os erros cometidos pelos outros,
donde a especulação acaba acusando-o daquilo que sequer teve
participação. Quando eu assinei aquele requerimento elaborado pelo
blogueiro André Tarnowsky foi no sentido de que essas coisas finalmente
se esclarecessem. Queria que o presidente viesse a público e expusesse
para todos o que de fato acontecia nos quatro cantos do estádio de
tijolinhos à vista.
Queria que ele dissesse o que fez um determinado conselheiro para
manter um técnico falastrão na Ressacada e, com isso, participasse do
agenciamento de jogadores. Que ele contasse para as pessoas a picardia
de um certo diretor, que se utilizou de seu prestigio junto a alguns
jogadores, motivando-os e mobilizando-os emocionalmente e cobrasse um
valor astronômico pelo trabalho executado. Que falasse para todo mundo
ouvir o que um outro diretor, muito seu amigo, queria com a parceira
passada, no trato com as categorias de base, e hoje posa de bom moço.
Que mostrasse para a torcida avaiana quem era realmente o dono da famosa
parceria e como emparedou o presidente para manter o time na série A.
Como, por exemplo, a patacoada ocorrida na última terça-feira, em que o
diretor demitido já havia acertado tudo e preferiu reverter o quadro, a
seu bel prazer.
Tudo isso o presidente omitiu. Omitiu porque confiava. Omitiu porque
se sentiu traido. Omitiu porque, fatalmente, quando os podres viessem ao
conhecimento de todos, era bem provável que a instituição Avaí Futebol
Clube entrasse numa espiral decadente e incontrolável. Omitiu para
manter as coisas seguindo num ritmo normal e seguro, que o tempo acaba
por apagar.
Quisera eu poder dizer o que há. Não posso e não quero.
Mas, quando o desconhecido nos atazana, é mais fácil abrir
especulações, dizer o que o fígado rumina, do que ser inteligente e
contemplativo. Acusar o presidente de estar passando a mão no Avaí, de
estar levando algum para casa é mais fácil do que tentar entender o que
realmente acontece. Muita gente adora, hoje, o Hémerson Maria, mas se
esquece que ele foi trazido pelo Gabriel Zunino doladelá. E muita gente
que endeusa o treinador, com justa razão, à época escrachou o Gabriel,
chamando-o dos piores adjetivos, por estar trazendo mais um alvinegro
pra Ressacada.
Acontece com todo mundo, é próprio da humanidade. Assim como sei das
reais intenções de alguns blogueiros e seus seguidores, que me
aporrinham como moscas na sopa. Poderia partir para o contra-ataque,
usar a lei para me proteger. Já fui até orientado para isso. Porém, às
vezes a gente tem que deixar o cisco no olho, dar às costas para o vento
que o traz e partir para outra para não se incomodar. Deixem eles se
divertirem.